Olivier Negri Filho
Nessa semana, ao ser abordado no
trânsito por uma criança que se oferecia para limpar o para-brisa de meu carro,
uma questão me veio em mente: sempre tenho falado de algumas datas importantes
que celebram questões socioambientais ou eventos históricos. Mas o dia 25 de
maio carrega consigo dois sentimentos intensos: o amor e o desespero. Nessa
data se homenageiam o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas e o Dia
Nacional da Adoção e ela carrega esses sentimentos que caminham lado a lado:
famílias que, por amor, procuram desesperadamente por uma criança, seja pela
falta provocada pela perda repentina da criança que sumiu ou pela esperança de
ter um novo membro na família.
Vemos muitas crianças
desaparecidas, no Brasil estima-se
que cerca de 50 mil crianças e adolescentes (de 0 a 17 anos) desaparecem por
ano. Vários fatores contribuem para que este número aumente a cada dia, dentre
eles podemos destacar o rapto (onde a criança é arrancada do seio familiar
contra sua vontade) e as crianças que sofreram toda sorte de abuso e
humilhação - são aquelas que na sua maioria representam o que chamamos de ‘órfãos
de pais vivos’ - e que decidem encerrar esse ciclo fugindo de casa. Independente
de como a criança sumiu, a busca constante para encontrá-la gera um misto de
amor e desespero na família.
Outra questão são as crianças que
estão em instituições a espera de um lar que as receba, mas esse processo ainda
é cheio de obstáculos. Algumas famílias esperam a ‘criança ideal’ com aparência
física, idade e sexo que consideram relevantes e por não se enquadrarem no
estereótipo desejado são descartadas e nesse aspecto o preconceito de raça é crucial.
Outras só desejam uma pessoa que se tornará filho(a) a quem vão cuidar e dar
amor, mas a burocracia no processo de adoção às vezes derruba as esperanças,
chegando há anos de espera. Então o amor se converte em desespero e frustração.
Portanto, não é suficiente termos legislações como o Estatuto
da Criança e do Adolescente que enumeram seus direitos enquanto crianças são
obrigadas a trabalhar, são levadas do seio familiar à força ou aguardam
eternamente por uma família em abrigos. É essencial cultivar o espírito
solidário e o amor ao próximo. Vemos pessoas que se preocupam com os
animais abandonados ou que sofrem maus tratos, e isso é louvável, mas imagine se
mais crianças tivessem o mesmo tratamento?
A palavra amor simboliza tudo
aquilo que devemos ter para ajudar quem mais precisa.
Abraços.
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